Comitê Científico de Pesquisas sobre a Antártica prevê tempos sombrios para a Humanidade
Jornalista
Nelson MarialvaA Antártica está derretendo a um ritmo mais rápido que se imaginava. Estas declarações foram feitas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), em Genebra, à Agência Estado, depois de um estudo realizado em colaboração com mais de mil especialistas sobre as regiões polares do planeta. “A consequência será a elevação sem precedentes dos oceanos a níveis nem mesmo previstos pelo Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC)”, declarou a OMM, ressaltando que mais de 200 milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras poderão sofrer. Outro foco de preocupação é a de perda de gelo na Groenlândia e o derretimento das águas do Ártico. Nestes últimos tempo, constantemente as redes de televisão estão mostrando o avanço do mar no litoral brasileiro, ocupando espaços onde antigamente havia mansões e ruas, deixando pescadores preocupados e a população de um modo geral perplexa. O que fazer, então ? Sozinho, nem a ONU pode fazer alguma coisa, mas a consciência dos governantes ser alertada para o problema e correr para salvar o que restou.
Problemas climáticos – De acordo com o relatório da OMM, preparado no âmbito das comemorações do Ano Polar, tanto o Pólo Sul como o Norte estão sofrendo uma "acelerada e generalizada" perda de gelo. “A parte ocidental da Antártica também sofreria com o aquecimento”, destacou o relatório. Informações obtidas até recentemente apontavam que essa região estaria de certa forma isenta a mudanças climáticas.
Para os cientistas envolvidos no estudo, o gelo sobre o território da Antártica e Groenlândia não estavam sofrendo da mesma forma que o gelo na águas polares, mas, diz a Agência Estado, as constatações agora são de que esses blocos também estão sendo perdidos.
”O resultado pode ser uma deterioração ainda maior do aquecimento global, já que o derretimento desse gelo polar pode liberar gases que estavam presos e intensificar os problemas climáticos”, ressaltou o relatório da OMM.
Tempos sombrios – Colin Summerhayes, diretor-executivo do Comitê Científico de Pesquisas sobre a Antártica, segundo a Agência Estado, admitiu que não esperava que a conclusão dos estudos científicos supracitados fosse tão sombria. "O que vemos é que não é apenas a parcela de terra que chega até o sul da América do Sul que está sendo afetada", lembrou o diretor-executivo, ressaltando que o estudo foi realizado durante dois anos e envolveu mais de mil cientistas de 60 países.
Há algum tempo, Chris Rapley, diretor da Pesquisa Antártica do Reino Unido, disse para a Folha Online que a influência do derretimento de gelo antártico no aumento global dos níveis do mar é motivo de preocupação entre os pesquisadores. "Algumas partes da camada de gelo da Antártida (...) começaram a derreter em um ritmo tão intenso que isso se torna uma contribuição significativa para o aumento do nível do mar", disse Chris Rapley na sua apresentação na Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), durante a reunião que este organismo realizou em St. Louis (EUA). “O começo da desintegração da camada de gelo ocidental antártica poderia elevar o nível do mar em até 5 metros”, informou Rapley.
Em agosto de 2005, a UOL Notícias informou que o derretimento de enormes blocos de gelo da plataforma glacial de Larsen-B, na Antártida, foi o maior dos últimos 10 mil anos, e está ligado ao aquecimento global, aponta um estudo publicado pela revista Nature. “O maior iceberg do mundo, o B-15, com uma superfície de 11.655km² (equivalente a da Jamaica), desprendeu-se em março de 2000 da plataforma glacial de Ross. Posteriormente, dividiu-se em vários pedaços, o maior deles batizado de B-15A, de 160 km de comprimento”, contou, na época, a UOL Notícias.
Alerta máximo - Rapley disse que deve compreender-se com urgência o motivo das mudanças no derretimento de gelo na Antártida, tendo como objetivo a previsão de quanto gelo será jogado nos mares e quando isso ocorrerá. "Os atuais modelos feitos por computador não incluem o efeito da água em estado líquido sobre o deslizamento e os fluxos de gelo, de modo que só geram cálculos conservadores sobre o comportamento futuro", afirmou Rapley, ressaltando que há apenas cinco anos a Antártida era considerada como um gigante adormecido em termos de mudança climática. Para Rapley, "o gigante despertou e é melhor que se preste atenção nele". Os cientistas estão preocupados especialmente com o ritmo de derretimento dos gelos da Antártida ocidental, uma região em parte reivindicada por Reino Unido, Argentina e Chile.
Com a comprovação pela comunidade científica do derretimento de gelo na Antártica (e no Alasca, e na Groelândia), os organismos internacionais de defesa do meio ambiente esperam que isso dê aos líderes mundiais o sentido de urgência na tomada de decisões para diminuir o aquecimento global. Somente a partir da percepção de que a ameaça é real e gravíssima poderá ser traçado um plano de ação adequado. Mas, enquanto não chega esta decisão, o gelo da Antártica vai se derretendo em ritmo acelerado, confirmando as previsões mais pessimistas. Segundo o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), a elevação do nível do mar faz ameaças sérias e uma delas, por exemplo, é a inundação do pequeno arquipélago de Tuvalu, no Pacífico. São fatos que chamam a atenção pela singularidade, mas nenhum país na verdade está a salvo. Não se prevêem grandes catástrofes a curto prazo, mas o fato é que o caos nas próximas décadas só pode ser evitado por medidas tomadas agora. Nós não podemos nos sentar e observar passivamente um cenário como este", declarou à imprensa, no ano 2000, Lester Brown, do Worldwatch Institute. "Ainda deve haver tempo para estabilizar os níveis de gás carbônico atmosférico antes que as mudanças climáticas geradas pelas emissões contínuas de carbono fujam totalmente ao controle” disse Brown. No entanto, o tempo corre velozmente. De lá pra cá, não se viu as autoridades mundiais reunidas para dizer o que cada um pode fazer para evitar futuras catástrofes, mas somente a irresponsabilidade do Brasil ao não tomar medidas mais sérias e eficazes capaz de evitar a destruição completa da floresta amazônica e a irresponsável arrogância dos EUA falando mais alto: não assino o Protocolo de Kyoto.
(Capítulo do livro "Final dos Tempos - A Última Hora", de autoria do jornalista Nelson Marialva)
Foto/Globorati.com
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