quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Mais oito ararajubas são soltas no Parque do Utinga

 


Ao todo, 46 aves já foram reintroduzidas ao habitat natural, desde 2019, por meio de um projeto de conservação e proteção da espécie promovido pelo Ideflor-Bio

80% da população nativa das ararajubas está no Pará.O céu da Região Metropolitana de Belém (RMB) ganhou outra cor com a soltura de mais oito ararajubas no Parque Estadual do Utinga "Camillo Vianna", em Belém, na manhã desta terça-feira (25). A iniciativa de conservação e proteção da espécie faz parte do projeto de Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas em Unidades de Conservação (UCs) da RMB, realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) em parceria com a Fundação Lymington. Ao todo, desde 2019, 46 aves já foram reintroduzidas ao habitat natural. A ação corresponde à quinta soltura de ararajubas do projeto, que está na Etapa II.

"Esse projeto é a 'menina dos olhos' dentro dessa Unidade de Conservação porque traz a intenção de reintroduzir uma espécie que é ameaçada de extinção em uma área metropolitana. A cada passo do projeto identificamos a memória biológica e genética das aves. Vê-las apaixonadas pelo açaí, por exemplo, reforça a importância de elas serem reintroduzidas na região, com toda a segurança necessária", ressalta a presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson.

A ararajuba é uma espécie endêmica do bioma amazônico ameaçada de extinção e considerada "vulnerável", segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, elaborada pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), do Ministério de Meio Ambiente e a Resolução Coema n° 54. Há mais de 60 anos a espécie não era registrada na RMB.

O diretor de Gestão da Biodiversidade (DGBio) do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato, frisa que 80% da população nativa das ararajubas está no Pará, que contém a maior quantidade de aves ararajubas da região amazônica, o que torna as aves praticamente endêmicas no estado.

Crisomar Lobato é diretor de Gestão da Biodiversidade (DGBioIdeflor-Bio)"Após a soltura, as aves são monitoradas visualmente e por rádio transmissor receptor. Identificamos, de outras solturas, que já contamos com, pelo menos, uma ararajuba nascida aqui e está solta. Reintroduzir aves em uma Região Metropolitana envolve muita técnica, ciência, dedicação, organização, planejamento e paciência. Estamos tendo muito sucesso", conta o diretor. A expectativa é de que a Fundação Lymington envie cerca de 10 aves até o final do ano para dar continuidade ao projeto.

Parceria - O Instituto atua em parceria com a Fundação Lymington que envia as espécies para o projeto. Antes da soltura existe um período de aclimatação e adaptação dentro do Parque do Utinga.

"As aves recebem treinamento para ganho de musculatura, com treinamento de voo, defesa de predadores, identificação de alimentos, recebem diariamente frutos, a exemplo do açaí e do muruci, além de sementes e flores nativas. Os alimentos nativos são servidos na forma mais natural possível, incluindo os ramos das plantas, e posicionados de forma a dificultar o acesso das aves, assim, elas enfrentam previamente as dificuldades que terão na vida livre, mas que nunca tiveram no cativeiro", disse o biólogo da Fundação Lymington, Marcelo Vilarta.

Etapas do projeto - A primeira etapa do projeto ocorreu entre 2018 e 2019, com três ações, somando 28 aves reintroduzidas na natureza. Já a segunda etapa iniciou em 25 de janeiro com a soltura de cinco casais da espécie e segue nesta terça-feira (25), com a soltura de mais quatro casais.

A ararajuba (Guaruba guarouba) pertence à família dos psitacídeos, endêmica do norte do Brasil. A espécie mede cerca de 35 cm de comprimento e apresenta as cores da bandeira do Brasil, com o corpo todo em plumagem amarela e a ponta das asas verde.

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