Corpo
foi encontrado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) no dia 23 de agosto. O
indígena conhecido como "índio solitário" ou "índio do
buraco" vivia sozinho há quase 30 anos, depois que os últimos membros de
seu povo foram mortos por fazendeiros.
Por Jaíne Quele
Cruz, g1 RO
O indígena
conhecido como “Índio Tanaru” ou “Índio do Buraco”, que vivia sozinho e isolado há quase 30 anos em
Rondônia, foi encontrado morto pela Fundação Nacional do Índio (Funai) na
última terça-feira (23). A informação foi confirmada pelo órgão na tarde deste
sábado (27).
Segundo a Funai, "o corpo do indígena foi encontrado dentro da
sua rede de dormir em sua palhoça localizada na Terra Indígena Tanaru",
durante a ronda de monitoramento e vigilância territorial realizada pela equipe
da FPE Guaporé/Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato
(CGIIRC).
Em nota, a Fundação informou que "não havia vestígios da presença
de pessoas no local, tampouco foram avistadas marcações na mata durante o
percurso". Além disso, não havia sinais de violência ou luta.
A Polícia Federal (PF) esteve no
local e realizou a perícia com a presença de especialistas do Instituto
Nacional de Criminalística (INC) de Brasília e apoio de peritos criminais de
Vilhena (RO).
O indígena era o único sobrevivente da sua comunidade, de etnia
desconhecida. A Funai disse ainda que "lamenta profundamente a perda do
indígena" e que a causa da morte será confirmada por laudo médico legista
da PF.
Povo extinto e ameaça a
indígenas isolados
Ivaneide Bandeira, ambientalista e fundadora da
Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, participou
do processo de localização do “índio do buraco”, que aconteceu há mais de 20
anos. Para ela, o caso coloca em evidência as ameaças às
quais os indígenas isolados são submetidos.
“Os seus territórios estão sendo invadidos, eles estão sendo expulsos
sem nenhuma garantia de vida. É muito triste o que aconteceu com o índio
isolado do Tanaru. Ele não aceitava de forma nenhuma o contato com essa
sociedade que massacra e leva à extinção vários povos indígenas”, comentou.
Ivaneide lamenta, sobretudo, a
extinção de mais uma etnia indígena no país. Algo que,
segundo ela, não acontecia há anos.
Quem é o "índio do
buraco”?
O “índio do buraco” vivia sozinho há quase 30 anos, depois que os últimos membros de seu povo foram mortos por fazendeiros em 1995. Ele foi visto a primeira vez um ano depois, em 1996, pela Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé (FPE Guaporé), sediada em Alta Floresta do Oeste (RO).Ele vivia na Terra Indígena (TI) Tanaru, próximo à divisa de municípios no sul de Rondônia, mais precisamente em Corumbiara, distante a pouco mais de 700 quilômetros de Porto Velho.
Imagens do indígena são extremamente raras. Um vídeo gravado por
agentes da Funai em 2018, mostra ele apenas de longe.
Índio
Isolado da TI Tanaru - O sobrevivente que a Funai acompanha há 22 anos
Os registros mais recorrentes são das suas moradias conhecidas como tapiris, geralmente construídas com cascas de madeira, palmeiras e troncos, coberta com palha do chão ao teto. Uma característica curiosa dos locais onde ele ficava é a existência de um buraco. Foi assim que surgiu o nome “índio do buraco”.
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