No fim do primeiro semestre do ano passado, quando a presidente Dilma já tinha sua popularidade afetada pelas diversas crises que aí estão, o ex-presidente Lula anunciou que andaria pelo país para convencer a população a aliar-se à sua pupila. Imaginava-se capaz, como acontecera outrora, de usar sua conhecida oratória para fazer o PT criar ânimo e se preparar para o que estava por vir. Dar uma espécie de volta por cima.
A operação, como se sabe, não ocorreu. Lula deve ter percebido que não seria bem recebido nem mesmo no Nordeste onde Dilma teve mais de 70% dos votos válidos em 2014 mas já amargava índices de desaprovação semelhantes aos do Sudeste. Na época, nem o próprio Lula estava com essa bola toda entre os eleitores nordestinos, incluindo os mais pobres que o tinham como um verdadeiro pai.
Agora, acuado, nervoso, desesperado depois que teve que depor na Polícia Federal, Lula volta a falar em andar pelo país e até levar Dilma junto.
Na linguagem popular nordestina, porém, Lula e Dilma estão mais para simbolizar o “morto-carregando-o-vivo”, personagem do folguedo popular pernambucano Bumba-meu-Boi, do que para protagonistas de qualquer coisa.
Se há oito meses era apenas Dilma que estava afundando – ele ainda era respeitado e temido – hoje os dois são lados da mesma moeda.
Dilma já foi carimbada de incompetente e esse era o maior peso que carregava até a semana passada mas, depois da delação do senador petista Delcídio do Amaral, que a acusa de ter nomeado um ministro do STJ com o objetivo de favorecer réus da Lava Jato, foi envolvida no mar de lama da corrupção que dominou o PT e maculou sua própria reeleição em 2014.
Da mesma forma que Lula que, segundo Delcídio, teria mandado pagar R$ 250 mil à família de Cerveró para que ele não delatasse seu amigo e empresário José Carlos Bumlai, Dilma teria praticado o crime de tentar obstaculizar as investigações realizadas pela PF, MPF e pelo juiz Sérgio Moro.
A verdade, porém, é que Lula e Dilma, que ensaiaram por diversas vezes um distanciamento, agora se encontram novamente juntinhos e solidários na dor.
Tão juntos que, enquanto o PT e o próprio Lula alimentavam a esperança de jogá-la às traças para salvar o ex-presidente, agora aconteceu o contrário. Dilma foi recebida na casa de Lula neste sábado em São Bernardo como uma tábua de salvação.
Saudada pelo anfitrião e por um grupo de militantes convocados para tirar o clima de velório do encontro entre os dois líderes até alguns tempos atrás saudados como verdadeiros salvadores da pátria, ainda foi levada à varanda do apartamento com Lula e Dona Marisa para mandar adeusinho aos militantes.
Num autêntico abraço de afogados, Lula e Dilma estão querendo se agarrar um ao outro mas, pelo andar da carruagem, vão acabar sucumbindo juntos.
Além da popularidade baixa de ambos, as teias da Lava Jato se enroscam cada vez mais em torno dos dois.
Não há escapatória. Afinal, o mar não está pra peixe e as ondas são gigantescas.
*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário