quarta-feira, 29 de julho de 2020

Prefeitura de Rondon do Pará se embaraça e não consegue explicar o descaso na saúde e o desmando no município


Covid-19: Jornalista denuncia prefeitura pela morte da mãe
Júlia acompanhou sua mãe o tempo inteiro e tudo que ela quer é justiça
Dia (27),  de Julho, a jornalista Júlia Freitas protocolou queixa no Ministério Público do Pará (MPPA), com pedido de providências contra a Prefeitura Municipal de Rondon do Pará. O pedido se deve ao fato de que a jornalista viu negligência por parte da Secretaria Municipal de Saúde em relação à pandemia do coronavírus que acabou vitimando a mãe dela, Alice Freitas, de 78 anos. Alice morreu no Hospital Regional de Marabá, no último dia 24. Mas os eventos que antecederam sua morte revelam um possível descaso não apenas com a idosa, mas também com outros pacientes.

Segundo Julia, tudo começou quando o irmão dela, José Roberto Freitas, de 52 anos, que é paciente renal crônico, cardiopata e hipertenso, foi acometido de coronavírus. Ele faz tratamento de hemodiálise três vezes por semana no Instituto São Francisco, em Ulianópolis, e é justamente aí que a cadeia de transmissão começou. De acordo com a denúncia, Roberto Freitas viaja para Ulianópolis junto com outros 17 pacientes, todos no mesmo transporte, que é fornecido pelo município de Rondon do Pará. Acontece que entre os pacientes que fazem a hemodiálise alguns apresentavam sintomas de covid-19.
Ao ver o perigo que essa situação representava, Júlia Freitas solicitou à prefeitura que todos os 18 pacientes renais fossem submetidos aos testes de covid-19, mas a prefeitura não atendeu ao pedido. Mas não foi só isso. Segundo Júlia, os responsáveis pela Enfermagem do Hemocentro, em Ulianópolis, enviaram ofício à Secretaria de Saúde de Rondon, para que providenciasse, com urgência, a testagem dos pacientes transportados no mesmo veículo para as sessões de hemodiálise. “Nenhuma resposta foi dada”, denuncia. Ela precisou ameaçar procurar o MPPA para que a prefeitura providenciasse a testagem. O resultado confirmou o temor de Júlia: seu irmão, Roberto, que morava junto com a mãe Alice, havia sido infectado e transmitiu para sua mãe, que estava em isolamento. O primeiro a sentir os sintomas na forma grave foi Roberto, que teve de ser transferido para o Hospital São Francisco em Ulianopolis, sendo internado na UTI. Naquele mesmo momento, Alice Freitas também passou e sofrer com a doença e ficou quatro dias internada no Hospital São São José, em Rondon. O quadro de saúde da anciã se agravava, de modo que ela precisava ser removida imediatamente para Marabá. Júlia Freitas solicitou uma ambulância à prefeitura, mas não foi atendida. Por isso, dona Alice, já com quase 80 anos e doente, viajou 150 km de Rondon a Marabá em carro particular, sem o suporte de atendimento de urgência. Ela ainda ficou seis dias internada no Hospital Municipal de Marabá (HMM), até ser transferida para o Hospital Regional, onde morreu depois de passar nove dias lutando pela vida. E quando Roberto saiu da UTI já recebeu a notícia de que sua mãe havia morrido.(Chagas Filho)

Nota da Redação:
 A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Rondon do Pará  emitiu uma nota sobre a situação após obter parecer da Assessoria Jurídica da prefeitura. Eivada de mentiras,tentando explicar o que não estava em questão, que era a testagem dos renais crônicos contaminados no ônibus da hemodialise. Quando Júlia Freitas procurou a Secretaria de Saúde em companhia de seu irmão Roberto com o pedido de testagem feito pelo nefrologista  Eurivam Cirqueira do Instituto São Francisco de Ulianopolis.