quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Pará acelera a bioeconomia e apresenta estratégias para região amazônica


Estado se destaca como o porta-voz de um modelo de economia verde, com uma gestão vanguardista no cuidado e ações sobre o tema

Por Jamille Leão (SEMAS)

Semas participa do painel “O Pará na Vanguarda da Bioeconomia Amazônica”, no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP 30
Semas participa do painel “O Pará na Vanguarda da Bioeconomia Amazônica”, no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP 30
Foto: Lucas Maciel - ASCOM SEMAS

O Governo do Pará reforçou, na terça-feira (18), sua posição de protagonista no desenvolvimento da bioeconomia durante o painel “O Pará na Vanguarda da Bioeconomia Amazônica”, realizado no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30. A secretária adjunta de Bioeconomia da Semas, Camille Bemerguy, representou o Estado e apresentou a trajetória, o processo de construção e os resultados alcançados nos últimos anos para consolidar um novo modelo de desenvolvimento baseado na floresta.

Ao lado de representantes da Uepa, Fapespa e da equipe do enviado especial da COP30 para a Bioeconomia, Camille conduziu reflexões sobre políticas públicas, desafios estruturais e articulações institucionais que pavimentaram o caminho para que o Pará assumisse posições de liderança no cenário nacional e internacional.

Trajetória da bioeconomia paraense

O avanço da bioeconomia no Pará resulta de uma construção de longo prazo, ancorada em planejamento, colaboração e mudanças estruturais. O Estado chega à COP, após quase quatro anos de discussões, implementando mais ações dentro do PlanBio, entregando aparelhos como o Parque de Bioeconomia e monitorando de forma contínua as políticas bioeconômicas.

Foto: Divulgação

“Acho que o Estado chega em 2025, após quase quatro anos entre discussão, implementação e monitoramento, para tirar lições aprendidas com elementos-chave muito importantes. Quando as discussões ganharam força no Pará, o debate global sobre bioeconomia ainda estava centrado em economia circular e transição energética, sem colocar a floresta como protagonista. A gente começa a discussão sobre bioeconomia quando a bioeconomia do mundo já tinha algum caminho, mas sempre pelo olhar muito mais de uma economia circular, sem a floresta como um ator que tinha a sua força e seu olhar atento enquanto processo de desenvolvimento econômico”, afirmou Camille.

Do carbono neutro às políticas estruturantes

Ela destacou que a virada de chave ocorreu quando o Estado estabeleceu seu plano para ser carbono neutro — inicialmente em 2036, posteriormente antecipado para 2030. A definição dessa meta provocou uma revisão estratégica que levou à criação de um eixo de desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono.

Camille explicou como se deu a atuação do Governo nesse processo de entendimento das especificidades locais e regionais que teriam que ser levadas em consideração na realização desse plano. “O Estado estabelece toda uma estratégia de comando e controle, regularização ambiental e fundiária, mas principalmente definindo um eixo de atuação".

"Como é que eu construo um modelo econômico, um novo paradigma que fosse sustentável, que não deixasse ninguém para trás, que olhasse a floresta e seu potencial de crescimento e prosperidade. Bem, a partir desse diagnóstico, definiu-se que a bioeconomia seria um dos pilares para sustentar essa transição — não o único, mas um eixo estratégico capaz de gerar oportunidades e novos modelos produtivos.”

Foto: Divulgação

Desafios que moldaram as políticas públicas

Durante o painel, ao ser provocada a refletir sobre como o Pará chegou à vanguarda da bioeconomia amazônica, Camille ressaltou a importância de compreender as barreiras que as políticas precisam enfrentar — especialmente no que diz respeito à viabilidade de mercado e à escala dos negócios bioeconômicos.

“Falando de bioeconomia, tem muitos desafios, para os quais é necessária uma política pública para que a gente possa caminhar para o desenvolvimento bioeconômico. Inclusive, a escala da bioeconomia. Sempre que a gente fala em bioeconomia, vem a pergunta: como que viabiliza isso no mercado, já que para viabilizar negócios, a gente precisa de escala?”.

Ela lembrou ainda que alcançar consensos foi um processo complexo, especialmente no debate sobre o próprio conceito de bioeconomia. “Não foi um processo de discussão fácil, porque se não houvesse colaboração entre diferentes atores, a gente podia passar quase uma vida discutindo qual é o conceito de bioeconomia. O que a gente tinha bem claro é que essa bioeconomia tinha que ser baseada em soluções baseadas na natureza.”, concluiu.

Integração entre governo, academia e mercado

Camille também reforçou que a articulação entre instituições foi fundamental para transformar diretrizes em estruturas concretas, hoje reconhecidas nacionalmente como referências. Os debates trouxeram a visão integrada entre governo, academia e mercado, destacando as lições aprendidas no processo. “Foram articulações para transformar em realidade o que temos hoje em termos de políticas públicas… um ecossistema de inovação que já responde às necessidades da bioeconomia. Não é certo tantos projetos, estudos, ciências desenvolvidas aqui, serem arquivadas, deixadas nas prateleiras do mundo acadêmico. Precisamos desses conhecimentos aplicados no plano desenvolvedor."

O Pará avança de forma consistente porque construiu, de forma colaborativa, um modelo que reconhece a floresta e as populações amazônicas como protagonistas de um novo ciclo econômico. O painel demonstrou que o Estado não apenas definiu metas ambiciosas, mas criou condições reais para alcançá-las — consolidando a bioeconomia como caminho estratégico para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Texto de Lucas Maciel / Ascom Semas

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