terça-feira, 3 de junho de 2025

Sespa alerta para os cuidados contra a obesidade infantil


Nessa condição, crianças até 12 anos apresentam excesso de peso corporal. Prevenção exige o envolvimento da família, da escola e do poder público

Por Bianca Botelho (SESPA)

Nas Usinas da Paz (UsiPaz), crianças e adolescentes têm acesso gratuito a esportes como natação, artes marciais e dança, contribuindo para o bem-estar físico e mental
Nas Usinas da Paz (UsiPaz), crianças e adolescentes têm acesso gratuito a esportes como natação, artes marciais e dança, contribuindo para o bem-estar físico e mental
Foto: Bruno Cecim / Ag.Pará

O Dia da Conscientização contra a Obesidade Infantil é celebrado em 3 de junho. Em alusão à data, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) chama a atenção da sociedade sobre os riscos do excesso de peso na infância e reforça a importância da prevenção desde os primeiros anos de vida. 

A obesidade infantil é um problema de saúde pública crescente no Brasil e no mundo. É uma condição em que crianças até 12 anos apresentam excesso de peso corporal, geralmente acima do que é considerado saudável para sua idade e altura.  

Segundo o Atlas Mundial da Obesidade (2024), até 2035 metade das crianças estará com o Índice de Massa Corporal (IMC) elevado. Este número que atualmente está de 1 a cada 3 crianças no Brasil, pode passar para 50% dos casos entre pessoas de 5 a 19 anos nos próximos 11 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 15% das crianças brasileiras estão obesas. No Pará, os desafios são ainda mais complexos, devido a fatores como a insegurança alimentar, as mudanças nos padrões de consumo e a redução da atividade física entre os mais jovens.

De acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde, no período de janeiro a maio deste ano, no Pará, o risco de sobrepeso afeta 19,19% crianças de zero a 5 anos, o sobrepeso 8,33%. Nesta mesma faixa etária, 5,06% das crianças foram afetadas com a obesidade. Já na faixa etária de 5 a 10 anos, 14,29% de crianças estão com sobrepeso, 7,4% de crianças com obesidade e 3,66% com obesidade grave.

A coordenadora estadual de Nutrição da Sespa, Walkiria Moraes, explica que a prevenção da obesidade infantil exige o envolvimento da família, da escola e do poder público. “A formação de hábitos saudáveis desde a infância é fundamental. Isso inclui o incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, a introdução gradual de alimentos naturais, a oferta diária de frutas, legumes, verduras, cereais integrais e proteínas saudáveis, além da redução no consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura e sal. Também é essencial estimular a prática diária de atividades físicas, com brincadeiras ao ar livre, esportes e tempo limitado de telas”, destacou. 

Além das práticas dentro de casa, o papel do Estado é essencial na formulação de políticas públicas que promovam a saúde infantil. Para isto, a Sespa, tem reforçado programas e ações intersetoriais voltados à prevenção e ao combate da obesidade infantil. Entre as iniciativas está a participação no Programa Saúde na Escola (PSE), que leva ações de avaliação nutricional, promoção da alimentação saudável e incentivo à prática esportiva às escolas públicas.

No Pará, também ocorre atuação em parceria entre saúde, educação, assistência social e agricultura por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). As escolas estaduais recebem apoio técnico de nutricionistas para oferecer refeições balanceadas, com produtos regionais, promovendo bons hábitos alimentares desde cedo.

Outra ação importante está nas Usinas da Paz (UsiPaz), onde crianças e adolescentes têm acesso gratuito a esportes como natação, artes marciais e dança, contribuindo para o bem-estar físico e mental.

A nível nacional, o Brasil também conta com instrumentos fundamentais como o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), que monitora o estado nutricional da população e orienta políticas públicas, e os guias alimentares, tanto o Guia Alimentar para a População Brasileira, quanto o Guia para menores de 2 anos, que trazem orientações claras e baseadas em evidências científicas sobre alimentação saudável. 

Além disso, a Lei nº 13.666/2018 torna obrigatória a educação alimentar e nutricional no currículo da educação básica, fortalecendo o papel da escola como espaço de promoção da saúde.

“Combater a obesidade infantil é um compromisso coletivo. O melhor caminho é a prevenção, promovendo desde cedo hábitos alimentares saudáveis, incentivo à atividade física e acesso a políticas públicas que garantam uma infância com mais saúde e qualidade de vida”, ponderou Walkiria Moraes.

Texto: Suellen Santos - Ascom/Sespa

domingo, 1 de junho de 2025

Dia Mundial Sem Tabaco: dados do HOL revelam ligação direta entre cigarro e câncer


Oncologista Danielle Feio alerta para os riscos do fumo, que segue como uma das principais causas evitáveis de morte no mundo

Por Leila Cruz (HOL)

Oncologista do Hospital Ophir Loyola, Danielle Feio, destaca que as pessoas devem saber sobre os riscos do hábito de fumar
Oncologista do Hospital Ophir Loyola, Danielle Feio, destaca que as pessoas devem saber sobre os riscos do hábito de fumar
Foto: Divulgação

Hoje, 31 de maio, é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco, data destinada à conscientização sobre os riscos do tabagismo. Apesar da redução global no número de fumantes, o problema ainda persiste de forma significativa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022, 1 em cada 5 adultos no mundo era fumante, uma queda considerável em relação ao ano 2000, quando esse número era de 1 em cada 3. Ainda assim, são 1,25 bilhão de fumantes no planeta, o que torna o tabaco responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas todos os anos.

O tabagismo permanece como um dos principais fatores de risco para diversos tipos de câncer, especialmente aqueles que comprometem as vias aéreas e o aparelho digestivo. Dados do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência no tratamento oncológico na região, revelam a dimensão desse impacto na saúde da população.

 Um levantamento realizado pelo registro hospitalar apontou casos de câncer no ano de 2022, relacionados ao consumo de tabaco. Do total de 3.830  pessoas avaliadas, 165 (4,3%) eram fumantes, 1.615 (42,2%) ex-fumantes e 2.050 (53,5%) nunca fumaram. Desses, 1.798 (42,6%) tinham idade entre 60 a 79 anos, 1.595 (37,8%) idades entre 40 e 50 anos. 

Entre 2023 e abril de 2025, o HOL registrou aproximadamente 1.300 casos de cânceres fortemente associados ao uso do tabaco. Desse total, o câncer de pulmão lidera os registros, com 680 casos. Em seguida aparece o câncer de cavidade oral, que engloba 470 atendimentos no período. Já o câncer de esôfago contabilizou 150 casos.

Foto: Divulgação

O cenário reforça o alerta das autoridades de saúde sobre os malefícios do cigarro, que segue como uma das principais causas evitáveis de morte no mundo. Além de estar relacionado a mais de 50 doenças, o tabagismo tem relação direta com diversos tipos de câncer, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes e sobrecarregando os sistemas de saúde.

A oncologista do Hospital Ophir Loyola, Danielle Feio, reforça que os impactos do cigarro vão muito além do câncer de pulmão. “Fumar não causa só câncer de pulmão. Também está diretamente associado a tumores de boca, esôfago, bexiga, estômago e vários outros. O tabagismo é a principal causa evitável de morte no mundo. Por isso, é essencial que as pessoas tomem cada vez mais conhecimento sobre os riscos que esse hábito traz”, alertou.

Além dos danos diretos aos fumantes, o tabagismo passivo representa um grave risco à saúde de quem convive com eles, principalmente crianças e familiares. Conforme a oncologista, a exposição à fumaça alheia tem consequências sérias e muitas vezes subestimadas.

 “O cigarro não faz mal só para quem fuma. O tabagismo passivo é extremamente prejudicial e, muitas vezes, subestimado. Quem convive com fumantes, especialmente dentro de casa, também está exposto às substâncias tóxicas e cancerígenas da fumaça. Isso aumenta consideravelmente o risco de câncer de pulmão, doenças cardiovasculares, respiratórias e até morte súbita em crianças. É um risco silencioso, mas real, que afeta toda a família”, alertou.

Entre os pacientes que enfrentam as consequências do tabagismo está a zeladora Dilma Oliveira Guimarães, de 64 anos, que atualmente passa por tratamento no HOL. Ao lado da filha, Helen Cristina Guimarães, ela enfrenta a doença com fé, coragem e, principalmente, com o apoio da família, que tem sido fundamental neste momento. Emocionada, Dilma deixa um recado para quem ainda não conseguiu abandonar o cigarro.

“Se eu pudesse dar um conselho, seria, não fumem. Não cometam o erro que eu cometi no passado. Hoje estou aqui, enfrentando dores, na esperança de que não seja algo sério, mas a gente nunca sabe… Eu trabalhei muito na roça, fazia fumaça para espantar mosquito, e também fumei. Talvez tudo isso tenha contribuído. Agora, o que me dá forças são meus filhos, meus netos, minha mãe, que já é idosa, e toda minha família. Eu quero ficar boa por eles, para poder voltar pra casa, cuidar dos meus e viver pra ver até meus bisnetos crescerem”, desabafa.

Texto de David Martinez, sob orientação de Leila Cruz

sexta-feira, 30 de maio de 2025

MPF recomenda criação urgente de conselhos da igualdade racial em Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás (PA)


Medida foi anunciada em reunião do MPF com coletivos sociais em que também foram decididas providências em defesa das mulheres negras

Foto interna de uma sala com um grupo de pessoas sentadas em cadeiras, assistindo a uma apresentação. Uma tela exibe a imagem de uma pessoa em videoconferência. A sala possui grandes janelas à direita, com vista para árvores e céu azul.
Foto: MPF


O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que os municípios de Marabá, Canaã dos Carajás e Parauapebas, no sudeste do Pará, adotem, de forma imediata, medidas para a criação de conselhos municipais de promoção da igualdade racial. O MPF também recomenda a adesão dos municípios ao Sistema Nacional de Política de Igualdade Racial (Sinapir).

A medida foi anunciada pelo MPF na terça-feira (27), durante reunião pública na sede da instituição em Marabá com representantes de organizações públicas, coletivos de defesa dos direitos da população negra e núcleos de pesquisa acadêmica.

A recomendação busca fortalecer políticas públicas voltadas ao combate ao racismo estrutural e à promoção dos direitos da população negra, majoritária na região. Conforme dados do censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra representa 81,48% em Marabá, 77,9% em Canaã dos Carajás e 77,9% em Parauapebas.

A recomendação cita a Lei nº 12.288/2010, que instituiu o Sinapir, e a Lei Estadual do Pará 9.341/2021, que criou o Sistema Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Siepir). Ambas as normas destacam a importância da articulação entre entes federativos para superar desigualdades étnicas e combater o racismo.

Detalhes sobre a recomendação – O documento enfatiza que a criação de conselhos municipais, de caráter permanente e consultivo, com igual participação de representantes públicos e da sociedade civil, é essencial para acessar recursos federais prioritários previstos no Estatuto da Igualdade Racial.

A ausência de políticas públicas específicas, com orçamento próprio, para enfrentar o racismo e promover a igualdade racial foi apontada como um fator que perpetua o racismo estrutural na região. Durante reunião pública realizada pelo MPF em março, em Marabá, foram elencadas diversas violações de direitos na região, como violência contra a população negra, intolerância religiosa, racismo no ambiente escolar, violência obstétrica contra mulheres negras, ausência de orçamento municipal para políticas antirracistas e falta de iniciativas voltadas à juventude negra e à proteção de mulheres negras.

O MPF destaca que a adesão ao Sinapir e a criação dos conselhos são passos cruciais para garantir a efetividade de políticas públicas que assegurem os direitos de grupos historicamente discriminados, promovendo transformações institucionais e ampliando o acesso a benefícios gerados por essas iniciativas. Assinada pela procuradora da República Gabriela Puggi Aguiar, pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão no Pará, Sadi Flores Machado, e pelo procurador da República Igor da Silva Spindola, a recomendação estabelece o prazo de 90 dias, a contar do acatamento, para que os municípios cumpram as medidas solicitadas.

Políticas para mulheres negras – Na reunião pública realizada pelo MPF nesta semana, o tema foi a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para mulheres negras e a construção de repercussões no Plano Plurianual (PPA) do município. A pesquisadora Larissa Alves apresentou estudo sobre os últimos PPAs de Marabá, Canaã dos Carajás e Parauapebas. O diagnóstico apontou que não existem políticas públicas para mulheres com recorte racial nesses municípios.

“Apesar da disponibilidade de recursos provenientes da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), ainda há um longo caminho a ser percorrido para que esses municípios implementem políticas públicas efetivas que atendam às necessidades das mulheres”, registra a pesquisa.

Diversas lideranças e pesquisadoras reforçaram essa informação, apontando dados e casos sobre preconceito, discriminação, exclusão e morte, tanto pelas diversas violências – como o feminicidio – como pela falta de políticas públicas ou pela ineficiência das poucas que existem.

Encaminhamentos – Na reunião, foram estabelecidos os seguintes encaminhamentos:

  • A Secretaria de Planejamento de Marabá vai enviar ao MPF o cronograma de audiências públicas previstas para a elaboração do PPA do município. O MPF vai solicitar a Parauapebas e a Canaã dos Carajás o cronograma de audiências públicas para a elaboração dos PPAs desses municípios;
  • Organizações sociais vão encaminhar carta ao MPF com o rol esquematizado de propostas de políticas públicas para efetivação de direitos de mulheres negras nos municípios. O MPF vai enviar esse documento a secretarias municipais, para que se manifestem sobre as propostas e garantam a inserção das políticas nos PPAs;
  • O Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (Nuade) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) vai encaminhar ao MPF dados de pesquisas úteis para a atuação na defesa da implementação de políticas públicas para mulheres negras na região, em especial sobre planejamento orçamentário para a efetivação dessas políticas;
  • A Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal de Marabá vai solicitar que a Câmara realize reunião pública para a discussão da necessidade de políticas para a efetivação da igualdade racial e para combate à discriminação;
  • A próxima reunião do fórum lançado pelo MPF e organizações sociais para a defesa dos direitos da população negra vai abordar a importância da implementação de políticas para uma educação antirracista.

Pelo MPF, além da procuradora da República Gabriela Puggi Aguiar, participou da reunião pública dessa terça-feira o titular da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) – órgão do MPF para a defesa dos direitos humanos no Pará, Sadi Machado. Também participaram representantes do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), de coletivos antirracistas, Secretarias Municipais, universidades, conselhos e fórum de defesa dos direitos da mulher e Câmara Municipal de Marabá.


Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação